Eu já fiz aulas de danças. Dentre elas, aprendi uma lambada nada fácil, por ser muito sensual.
Esse tipo de dança exige entrega, caras e bocas, sedução e charme nos movimentos. Ou seja, não tem jeito, tem que se entregar de corpo, mente e alma!
O segredo é simplesmente esse, se entregar. Quando você faz isso, tudo flui. E daí, quando você vê está dançando lindamente.
Dar o primeiro passo nunca é fácil, mas se você não fizer isso, nunca sairá do lugar. E digo isso em todos os sentido da vida.
Já aconteceu de, em bailes, eu convidar os cavalheiros mais cobiçados da noite para dançar comigo. Por quê? Porque eu queria me dar a chance.
Eu já tinha feito as aulas, eu já tinha treinado, praticado, eu estava pronta. Agora, eu só precisava aproveitar, colher o prazer daquilo que eu tinha aprendido. E eu estava ali, naquele ambiente, para isso.
Todas as danças em que convidei os rapazes para dançar, foram maravilhosas, inesquecíveis e eu nunca me arrependi de ter tomado a iniciativa.
Aplicando essa lógica na vida, falando de relacionamentos, sempre alguém precisa dar o primeiro passo.
Por mais que ambos queiram, se um não se mexe, o outro, por não ter certeza, também não sai do lugar. E daí, nada acontece.
Eu fui ensinada a não me aproximar, de NINGUÉM, com interesse romântico, caso eu não acreditasse que houvessem chances para um relacionamento sério. Isso, para não magoar alguém. É aquele famoso princípio de tratar o próximo como trataria a si mesmo.
Ok, gosto desse ensinamento. No mesmo mundo, onde o aprendi, a prática dele torna a convivência muito boa e justa. Funciona perfeitamente.
Já em outro contexto, na vida nua e crua, aplico esse principio só por uma questão de consciência, querendo violá-lo, muitas vezes. Já falei disso aqui.
Sinto que enquanto estou por aí, tratando as pessoas como eu gostaria de ser tratada, elas estão “cagando” para isso. Cada um vive tentando ser o mais egoísta que pode, buscando o máximo de benefícios pessoais que consegue. Com muito custo, notei que essa é a realidade da vida.
Enfim, durante muito tempo, ouviu-se que os homens não prestavam, que não tinham caráter, que enganavam e iludiam as mulheres… Eu me pergunto em que contexto isso acontecia.
Imagino que como só eles davam o primeiro passo, se voltassem atrás, eram vistos como malfeitores. Como se quem tivesse a iniciativa, não pudesse de forma alguma vir a mudar de opinião. Isso não é justo. Inclusive, é assustador!
Já aconteceu de eu me mostrar interessada por um rapaz, que conheci no ambiente de trabalho, em um dos meus primeiros empregos, e a gente chegou a sair, uma vez. Fomos ao shopping passear e nos beijamos. Foi só isso!
Após essa aproximação, que tornou nossa convivência diária mais íntima, pude enxergar como ele realmente era. Enxerguei tanto, que aquele cara que fez eu me sentir atraída por ele, deixou de existir.
Eu não poderia mais voltar atrás? Teria que seguir com ele, sendo que, desde aquele início, eu já estava vendo que não daríamos certo?
Bom, sem sombra de dúvidas, eu interrompi qualquer relacionamento ou compromisso que estivesse para nascer entre nós. Simplesmente, não dava!
Ele ficou mal, disse que eu iludi ele, já que foi eu que demonstrei estar interessada nele, e chorou. Ele disse que eu era como todas as outras, que eu não prestava.
Preciso dizer que isso me matou? Acho que depois, sozinha, chorei 200, 300 ou 400 vezes mais do que ele.
Isso importaria para ele? Não. Ele estava magoado e nada do que eu falasse consertaria o fato de eu ter sido a pessoa que deu o primeiro passo.
Como ele mesmo me questionou: “Por que se aproximou se sabia que não queria nada?”. Aí é que está a questão: eu não sabia! Eu não tinha como saber.
Talvez o erro tenha sido eu ter me aproximado sem conhecer ele “tão bem”. E é possível conhecer “tão bem” sem se aproximar?
Até casais dizem que só se conheceram no momento do divórcio, sendo que conviveram debaixo do mesmo teto durante anos.
Sério, não sei o que pensar.
Só acho que não é justo que a culpa sempre caia naquele que teve coragem de se aproximar, de ter dado o primeiro passo.
Se nem a vida aqui é eterna, por que qualquer outra coisa teria que ser? Por que nossos anseios e vontades não podem ser diferentes do que imaginamos há um mês, seis, nove… há um ano ou mais?
Vou viver tentando entender.