Mais que um momento

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A princípio, eu não acreditei que você fosse real. Mesmo após te ver, imaginei que pudesse ser alguém se passando pelo “real você”. Mas eu não estava nem aí, aliás, eu ainda estava sofrendo muito por uma desilusão amorosa. Uma paixão que me moveu em direção a sentimentos que relutei por “uma vida inteira”.

A queda ainda doía, então fui procurar alento em outros braços. Por isso, concluí que se aquela pessoa não fosse você, mas alguém fisicamente parecido, já valeria a pena. Me interessei pelo “fake” pela simples criatividade dele em te imitar.

Ingênua que sempre fui, nunca tinha imaginado ir logo de cara à casa de um “estranho”. Quer fosse ele quem fosse! No entanto, logo depois de te perguntar para onde estava me levando, me vi pensando: “Ok, somos adultos, bora seguir o fluxo e viver!”.

No final daquela noite, ainda lembro de você me perguntar “o que houve?”, tentando entender meu passado e meu “estado intocável”. Eu segurei a vontade que me veio de chorar ao responder: “nada demais, ele e eu não demos muito certo”.

Naquele dia, o correto seria eu ter saído do nosso encontro em êxtase, eu acho. Mas não, eu estava normal. Ainda tinha sentimentos por outro, mágoa. Não me senti nem um pouco culpada porque você também havia me dito que há poucos dias tinha saído de um relacionamento sério. E já que ninguém esquece alguém tão rápido, de forma repentina eu havia claramente entendido nossos papéis naquele encontro. O que me deixou bem confortável!

Papo vem, papo vai, mais algumas vezes juntos, um encontro péssimo e ficamos sem nos falar. Indignada e com saudade, ainda tentei contato por mais uma vez. Queria me desculpar, queria que ficasse tudo bem e que não deixássemos de nos falar mesmo depois daquele dia horroroso.

Para a minha surpresa, foi aí que percebi sua indiferença, senti que pra você tanto faz. Entendi que se eu não “me esforçasse” para falar com você, você também não falaria comigo.

Tudo bem. Vou seguir meu caminho tentando não me frustrar, não me culpar. Porque sei que viver é aproveitar momentos e seguir adiante apenas com as pessoas que são relevantes para as nossas vidas. Logo, foge do meu controle prever se irei ou não passar de um momento para alguém.

 

Declaração

Inesperado o suficiente para me espantar.

Sincero o suficiente para me impressionar.

Diálogo difícil que depois, me fez chorar.

Ainda sem entender o que aconteceu, foi o que senti durante este final de semana. Ouvi palavras trêmulas e ao mesmo tempo firmes, que me deram no que pensar.

Quando um amigo, um conhecido, um próximo de tantos anos, resolve dizer o quanto nos quer bem e o quanto desde sempre, nos deseja ao seu lado, eu sei, e sei muito bem, que não existe palavra que alegre e satisfaça se não for a que diz: “sim, eu também”. Mas como dizer o mesmo sem sentir algo igual?

A dor de não poder corresponder não é maior do que a de quem não é correspondido, mas ainda assim, é difícil de lidar. Uma pessoa normal e saudável sempre quer agradar, fazer feliz. E se sabe que causou tristeza, isso também a afeta. Trata-se de consciência e empatia.

Então seria muito mais fácil agradar, se permitindo estar ao lado de alguém simplesmente porque vamos receber carinho sincero. Seria…

Hora declaramos, hora recebemos declarações e hoje eu sei, aliás, não sei pois nem sequer é uma regra, mas vejo de maneira clara que não faz sentido estar com alguém por compaixão. Paixão é completamente diferente, é um sentimento completo que preenche de modo que não cabe dúvidas. A paixão até tem espaço para incertezas, mas vem com uma coragem que traz uma única certeza, a vontade de se entregar ao incerto.

Sonho com o momento onde as declarações serão apenas revelações. Demonstrações faladas de sentimentos já existentes e recíprocos. Onde ambos vão dizer e ambos vão ouvir: “sim, eu também!”.